domingo, 18 de fevereiro de 2018

Poesia e Música (13)

JOÃO E JOSÉ (Martinho da Vila e João Nogueira)
lp "Rosa do Povo", 1976

Ô João, ô João
Seu xará batizou Cristo
Cristo batizou João
no Rio Jordão... no Rio Jordão

Se João também soubesse
Quando em junho é seu dia
Viria do céu pra Terra
Todo cheio de alegria
Soltando foguetes João
Fazendo festejos
E tanta fogueira
Que queimava o mundo
Diz a lenda
Que queimava o mundo

Por falar em mundo,João
Como vai o mundo, João?
Esse nosso mundo, João
Que é de todo mundo, João
Anda, João, vamos, João, diga, João
Fala

Nãomole não, José
Esse mundo louco
A televisão mostra sempre um pouco
Bala de canhão e bomba de troco
Bem pertinho, irmão, do Rio Jordão
Bem pertinho, irmão, do Rio Jordão
Mas a salvação, José, é nossa Rosa do Povo
Que dá ao povão
Horizonte novo
Jogo do Barão é Rosa do Povo
O nosso sambão é Rosa do Povo
Esse seu sorriso, José, é Rosa do Povo
O Vasco, o Mengão, é Rosa do Povo
Rosa do violão é Rosa do Povo


Então o que seria, João, do povo sem rosa?
– É, nem haveria, José, essa nossa prosa
– É José, é João, é Drummond, é paixão.
É o irmão, é o amor, linda flor em botão.

Obs.: Na complemento virtual da 2a. edição do livro Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desse texto,

O linque para o vídeo desta música é este:

https://www.youtube.com/watch?v=AWPay1sIBRo.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Poesia e Música (12)

CODINOME BEIJA-FLOR (Cazuza)
cd “Exagerado”, 1985

Pra que mentir, fingir que perdoou,
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou, que coincidência é o amor:
A nossa música nunca mais tocou

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel, devagarzinho, flor em flor,
Entre os meus inimigos, Beija-Flor

Eu protegi seu nome por amor,
Em um codinome Beija-Flor
Não responda nunca, meu amor,
pra qualquer um na rua Beija-Flor

Que só eu que podia,
Dentro da tua orelha fria,
Dizer segredos de liquidificador.

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor,
Prendia o choro e aguava o bom do amor.
Prendia o choro e aguava o bom do amor.

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desse texto,

Poesia e Música (11)

SONHO IMPOSSÍVEL (versão Chico Buarque e Ruy Guerra)
Original de: Joe Darion e Mitch Leigh
lp “A Cena Muda”, de 1974 (Maria Bethania)

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender.

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão.

É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo, cravar esse chão
Não me importa saber se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz.

E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão.

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação. 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desse texto,

Poesia e Música (10)

O QUERERES (Caetano Veloso)
lp “Velô”, 1984

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão.

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres caubói, eu sou chinês.

Ah, bruta flor do querer...
Ah, bruta flor, bruta flor!

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução
E onde queres bandido, eu sou o herói.

Eu queria querer-te amar o amor
Construirmos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero e não queres como sou
Não te quero e não queres como és...

Ah, bruta flor do querer...
Ah, bruta flor, bruta flor!

Onde queres comício, flipper vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
E onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus.

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim!

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desse texto,

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Poesia e Música (09)

OLHOS NOS OLHOS, de Chico Buarque
lp "Meus Caros Amigos", 1976

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.

Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de atividade léxico-semântica desse texto,

Poesia e Música (08)

"FOGO E GASOLINA", de Pedro Luís e Carlos Rennó
cd "Passione", 2010

Você é um avião e eu sou um edifício
Eu sou um abrigo e você é um míssil
Eu sou a mata e você é a motosserra
Eu sou um terremoto e você a Terra.

O nosso jogo é perigoso, menina
Nós somos fogo, nós somos fogo
Nós somos fogo e gasolina.

Você é o fósforo e eu sou o pavio
Você é um torpedo e eu sou um navio
Você é o trem e eu sou o trilho
Eu sou o dedo e você é o meu gatilho.

O nosso jogo é perigoso, menina
Nós somos fogo, nós somos fogo
Nós somos fogo e gasolina
Nós somos fogo, nós somos fogo
Nós somos fogo e gás.

Eu sou a veia e você é a agulha
Eu sou o gás e você é a fagulha
Eu sou o fogo e você é a gasolina
Eu sou a pólvora e você a mina.

O nosso jogo perigoso combina
Nós somos fogo, nós somos fogo

Nós somos fogo e gasolina.

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desse texto,

Poesia (07)

SONETO, de Mário Faustino


Mário Faustino (1930-1962), poeta, tradutor e crítico literário nascido em Teresina. 

E sonhou a mulher que se cumprira.
E sonhou que no ventre da guitarra
Silente uma semente se partira
Em pranto, riso e música, fanfarra

De dor e glória por delfim nascido.
E sonhou a mulher que, enfim florido,
Seu trato de terreno roxo, aberto,
Dormia sem sonhar sobre o deserto

Passado que em futuro então se abria
Frutificando em palmas de alegria.
Na lira umbilical Orfeu tocava

Acalanto ilusório à que dormia
E entre árvores de sonho balançava
A rede filial inda vazia.

Fonte: Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
Obs.: José Carlos de Azeredo interpreta este soneto em artigo publicado no livro Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação (Rio de Janeiro: GEN, 2018).

Poesia e Música (06)

COMPARANDO METADES (Oswaldo Montenegro & Ferreira Gullar)

TEXTO I
Metade (Oswaldo Montenegro)
gravado no lp “Trilhas”, de 1977.

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba.

TEXTO II
Traduzir-se (Ferreira Gullar) - extraído de Na Vertigem do Dia, 1980
Fonte: Poesia Completa e Prosa, 2008, p. 293-4.
gravado por Fagner no lp “Traduzir-se”, de 1981.

Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão;
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Fonte: Léxico e Semântica, 1a edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).
Obs.: Na 2a. edição (Rio de Janeiro: GEN, 2018) há uma proposta de análise léxico-semântica desses dois textos,


Acadêmico (06)

INTERPRETANDO "POEMA DO BECO"

Manuel Bandeira (1886-1968), em 1933, escreveu o “Poema do Beco”, que dizia concisamente em dois versos:

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
– O que eu vejo é o beco.

O pobre “beco” onde Bandeira morava, na rua Moraes Vale, perto da Lapa, no Rio de Janeiro, não deixa de ser uma rua estreita e curta, por vezes sem saída, uma ruela, como dizem os dicionários. O beco é uma ponta do poema; a outra ponta é a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte: ruela versus horizonte. Mas o poeta diz que aquela amplidão não lhe importa, pois o que ele vê é o beco.

A “linha do horizonte” é o antônimo do “beco” na pertinência ou na impertinência? Em ambas? O poeta vê o beco porque o enxerga, avista, divisa? Ou porque o contempla, reconhece, analisa? Cabe discutir as escolhas sobre o verbo ou mesmo juntar esses significados diante da frase seca do segundo verso. O contraste fica resolvido na expressão “que importa” que inicia o poema, mas sabemos que o beco não é, a princípio, metonímia de nada (o poeta morava mesmo num beco). Não precisava ser... se não assumisse no texto o lugar de “meu mundo”, “meu habitat”, diante da grandeza da outra ponta, nada menos do que a “linha do horizonte”.

Manuel Bandeira, nove anos depois do “Poema do Beco”, resolveu retornar a ele e escreveu a “Última Canção do Beco”, agora com 49 versos.

Beco que cantei num dístico
Cheio de elipses mentais,
Beco das minhas tristezas,
Das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),
Adeus para nunca mais!

Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar,
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, com seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!

Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhãs,
Quanta luz mediterrânea
No esplendor da adolescência
Não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhãs!

Beco das minhas tristezas.
Não me envergonhei de ti!
Foste rua de mulheres?
Todas são filhas de Deus!
Dantes foram carmelitas...
E eras só de pobres quando,
Pobre, vim morar aqui.

Lapa – Lapa do Desterro –
Lapa que tanto pecais!
(Mas quando bate seis horas,
Na primeira voz dos sinos,
Como na voz que anunciava
A conceição de Maria,
Que graças angelicais!)

Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmolas para os pobres,
– Para mulheres tão tristes,
Para mulheres tão negras,
Que vêm nas portas do templo
De noite se agasalhar.

Beco que nasceste à sombra
De paredes conventuais,
És como a vida, que é santa
Pesar de todas as quedas.
Por isso te amei constante
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!

Vão demolir a casa do beco (e aqui o sentido é literal), mas seu quarto (agora metonimicamente como “as lembranças do quarto”) vai permanecer “na eternidade, com seus livros, seus quadros”. O quarto vai ficar intacto, suspenso no ar.

A sequência de estrofes enumera características que entremeiam a subjetividade do eu-lírico e a descrição de pessoas e figuras, imagens e experiências. Numa delas, fala-se das paixões; noutra, das mulheres; adiante, da Lapa; a penúltima, de Nossa Senhora do Carmo; a última, do seu amor pelo beco. Carregados de contradições, os versos reafirmam as mesmas elipses do dístico. A outra ponta do beco, porém, mudou. Sumiu a paisagem da Glória, que realmente nunca importara mesmo. Agora a outra ponta vem da Lapa, paisagem para cima, diferente da paisagem para baixo ou para frente da Glória, do horizonte. Já que o beco nasceu “à sombra de paredes conventuais”, ele é como a vida (“que é santa”), assiste a todas as quedas, consola-as, é amado e saudado pela última vez: “Adeus para nunca mais!”[1]

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).


[1] Manuel Bandeira escreveria ainda dois poemas conjugados sob o título “Duas Canções do Tempo do Beco”, a saber:”Primeira Canção do Beco” e “Segunda Canção do Beco”. Integram o livro “Estrela da Tarde”, que reúne poesias (a maioria sem data) escritas entre 1957 e 1966.

Acadêmico (05)

INTERPRETANDO "PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES"

Como nossa “antena” reagiria diante da palavra “canhão”? Ela está presente numa música de Geraldo Vandré que se tornou um hino de resistência à ditadura: “Pra não dizer que não falei das flores” (1968, lp “Festival da Canção”).

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer - (2 vezes)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

A palavra “canhão” está usada metonimicamente nessa música. Aliás, há duas metonímias se confrontando nesse trecho: as flores, que representam a paz, e o canhão, que representa a guerra.
Observemos agora o trecho final:

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...

A letra de Geraldo Vandré está quase toda em linguagem figurada. Se repararmos no estribilho a expressão “Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer”, é claro que não tomaremos seu sentido literalmente, pois ninguém faz a hora. A metonímia aqui se refere ao que simboliza essa palavra: “hora” é “tempo” e “tempo” é a própria vida. Quem sabe, age, decide sua vida; não espera acontecer...

Fonte: Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação, 1a. edição (Rio de Janeiro: Elsevier, 2011).