segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Poesia (07)

SONETO, de Mário Faustino


Mário Faustino (1930-1962), poeta, tradutor e crítico literário nascido em Teresina. 

E sonhou a mulher que se cumprira.
E sonhou que no ventre da guitarra
Silente uma semente se partira
Em pranto, riso e música, fanfarra

De dor e glória por delfim nascido.
E sonhou a mulher que, enfim florido,
Seu trato de terreno roxo, aberto,
Dormia sem sonhar sobre o deserto

Passado que em futuro então se abria
Frutificando em palmas de alegria.
Na lira umbilical Orfeu tocava

Acalanto ilusório à que dormia
E entre árvores de sonho balançava
A rede filial inda vazia.

Fonte: Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
Obs.: José Carlos de Azeredo interpreta este soneto em artigo publicado no livro Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação (Rio de Janeiro: GEN, 2018).

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