Mário Faustino (1930-1962), poeta, tradutor e crítico literário
nascido em Teresina.
E sonhou a mulher que se cumprira.
E sonhou que no ventre da guitarra
Silente uma semente se partira
Em pranto, riso e música, fanfarra
De dor e glória por delfim nascido.
E sonhou a mulher que, enfim florido,
Seu trato de terreno roxo, aberto,
Dormia sem sonhar sobre o deserto
Passado que em futuro então se abria
Frutificando em palmas de alegria.
Na lira umbilical Orfeu tocava
Acalanto ilusório à que dormia
E entre árvores de sonho balançava
A rede filial inda vazia.
Fonte: Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1966.
Obs.: José Carlos de Azeredo interpreta este soneto em artigo publicado no livro Léxico e Semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação (Rio de Janeiro: GEN, 2018).
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